Brasil mantém 29% de analfabetos funcionais em 2025, revela pesquisa nacional
O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado em abril de 2025, revelou um dado alarmante: 29% da população brasileira entre 15 e 64 anos é considerada analfabeta funcional, o mesmo índice registrado em 2018. Isso significa que quase um terço dos brasileiros não consegue interpretar frases simples ou realizar operações matemáticas básicas do cotidiano, como entender preços ou números de telefone.
O levantamento, realizado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, em parceria com a Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef, aplicou testes em 2.554 pessoas de todas as regiões do país. A coleta ocorreu entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.
Analfabetismo funcional cresce entre jovens
Um dos dados mais preocupantes é o crescimento do analfabetismo funcional entre os jovens de 15 a 29 anos: o índice subiu de 14% em 2018 para 16% em 2024. Especialistas atribuem esse retrocesso aos efeitos da pandemia de COVID-19, que comprometeu o acesso à educação com o fechamento de escolas.
Níveis de alfabetismo no Brasil
O Inaf classifica os brasileiros em cinco níveis:
- Analfabeto e rudimentar: Considerados analfabetos funcionais.
- Elementar: Compreendem textos simples e fazem operações matemáticas básicas (36% da população).
- Intermediário e proficiente: Representam o alfabetismo consolidado (35% dos brasileiros), mas apenas 10% alcançam o nível mais alto, o proficiente.
Entre os trabalhadores, 27% são analfabetos funcionais e apenas 40% possuem alfabetismo consolidado. Até mesmo 12% dos brasileiros com ensino superior estão no grupo de analfabetos funcionais, evidenciando que o acesso à educação formal não garante, por si só, a proficiência em leitura e escrita.
Impactos sociais e desigualdades
De acordo com Roberto Catelli, da Ação Educativa, o analfabetismo funcional é uma “limitação muito grave”, que mantém parte da população em situação de exclusão social. Ele reforça que políticas públicas eficazes em educação, aliadas à redução das desigualdades sociais, são essenciais para mudar esse cenário.
Além disso, há diferenças raciais marcantes:
- Entre brancos, 28% são analfabetos funcionais e 41% têm alfabetismo consolidado.
- Entre negros, os percentuais são 30% e 31%, respectivamente.
- Já entre amarelos e indígenas, 47% são analfabetos funcionais e apenas 19% têm alfabetismo consolidado.
Segundo Esmeralda Macana, da Fundação Itaú, é urgente garantir educação de qualidade, ampliar o acesso à tecnologia e adaptar o ensino às novas exigências do século XXI.
Alfabetismo digital é nova frente de análise
Pela primeira vez, o Inaf incluiu o alfabetismo no contexto digital, reconhecendo o impacto das novas tecnologias na forma como as pessoas acessam e compreendem informações. A capacidade de navegar em ambientes digitais, ler e interagir com conteúdos online será cada vez mais essencial.
Os números mostram que o analfabetismo funcional no Brasil em 2025 continua sendo um dos maiores desafios da educação nacional. A estagnação nos índices, especialmente entre os jovens, é um sinal de alerta. Sem políticas públicas robustas e investimentos contínuos em educação de base e digital, o país seguirá reproduzindo desigualdades históricas que limitam o desenvolvimento social e econômico.